quarta-feira, 12 de março de 2014

Nas mãos da prostituta.

No coração daquele homem estava presente um passado vivo.
As noites regradas e regadas com bebidas, danças e mulheres pulsava em sua memória e fazia seu quarto ficar cada vez mais sufocante.
Havia um ano a grave doença não lhe permitia sair da cama, entregue aos cuidados de familiares, que tanto desprezou, vivia com agonia, não por conta daquelas companhias, já sem vida para ele, mas pela impossibilidade de estar na sua casa: a rua.
Adiantar sua morte, portanto, era algo encarado como natural, dizia a si mesmo como trocadilho.
O problema era pensar na executora, quais das paixões atenderiam o pedido final do amante?
Pensou na espírita, mas logo lembrou que a sua crença a impediria.
Veio em mente a médica, porém recordou que no último encontro fizeram a promessa de não entrar mais em contato. Foi lamentável lembrar desse fato, afinal, de todas era a mais apta.
A solução estaria na Personal Trainer, pegou o celular e após lhe revelar o plano foi obrigado ouviu:
"Não tenho coragem de ver seu corpo moribundo, prefiro lembrar do perfil atlético que você tinha".
Cansado de elucubrar  ligou para a prostituta. De pronto escutou um sonoro "não".
A prostituta acreditava numa possível cura, contudo, após o homem explicar que no seu caminho a direção já estava curta, foi concedido o desejo.
Antes de receber a injeção fatal o homem deu um grande riso, surpresa, a prostituta perguntou a razão daquela reação: "Tu que de todas é a mais condenada, foi a única capaz de compreender o sentido da minha vida. Além disso, é uma ironia, tu me destes tanto gozo e agora és responsável pelo fim dos meus prazeres"
Antes de cair no "sono eterno" aquele homem ainda teve a felicidade de ouvir dos lábios mais carnudos que já provou: "De fato sou a mulher a qual deves confiar. Pois, somente eu seria capaz de nesse momento te dar um beijo e ao pé do ouvido falar para não veres a morte com dor, mas o prazer final de uma vida boêmia".

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