sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sem camisinha.




Era famosa por ser a melhor prostituta. Sua habilidade na cama marcava a vida de diferentes homens. Estava nas palavras dos poetas, em sambas de compositores, nas aulas de biologia de professores e, sobretudo, na boca e mão de homens machistas.
Alguns contavam vantagem ao falar de como o tamanho do seu membro dava o maior prazer a Prostituta. Outros alegavam ser a maior vontade dela encontrar um homem carinhoso, com dinheiro o suficiente para tirá-la do quarto amarelado com móveis de brechó para mostrar-lhe o mundo.
Todos enganados. Nenhum daqueles homens sabia profundamente do universo reservado daquela mulher. Muito menos do amor e romance da Prostituta com seu amigo de infância. Entre ambos nada era secreto.
Consciente da vida pública de sua companheira aquele homem magro, de feições razoavelmente atraentes e barba por fazer nunca se queixou da escolha feita: ser uma sombra.
Adorava ir ao bar na esquina da rua onde residia para ouvir as façanhas da Prostituta na noite anterior. Enquanto os homens gritavam aos quatro cantos sobre a melhor trepada de todos os tempos, o companheiro somente ria.
Certa vez, quando proseavam no calor das três horas da tarde o membro do companheiro ficou rígido ao perceber o desejo nada latente, a companheira o acariciou no pescoço, ele, por sua vez, colocou a mão na parte de dentro das coxas dela para, em seguida, puxar a calcinha de lado e massagear com os dedos os lábios inferiores. Ela, então, inclinou-se e o chupou com voracidade. As preliminares ainda seguiram por alguns minutos, quando já despidos e ao ponto da penetração ela disse: a você me entrego sem camisinha.

domingo, 18 de agosto de 2013

em doses equilibradas

I

amizade
não sustenta
relação
se não tiver
tesão
cai fora meu irmão.

II

não pedi sexo
disse - um abraço
se não for companheiro
sai fora tarado.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

domingo, 11 de agosto de 2013

Tristesa palhaça


Todo domingo a palhaça ia ao lado da sua trupe na grande praça da capital. Ali Tristesa atraía o olhar disperso de empresários, empregadas, professores e dos donos do pedaço, os moradores de rua.
Certa vez, numa das tantas apresentações que Tristesa fazia com esmero e alegria, tal como foi a primeira vez, seus olhos encontraram na platéia transeunte um moço. A idade estava entre os vinte e cinco e trinta anos, bem no estilo meio rapaz, meio homem. O rosto com a barba cheia, o cabelo cortado e sorriso largo.
Conforme Tristesa fazia o público encontrar gargalhadas inibidas pelo fluidez do centro da cidade, pensava em como chamar o moço para dentro dela, para a palhaça que fazia das suas dores um motivo para estar ali, com tantos outros amargurados, a rir.
Já nos meados da atuação decidiu usar o momento da dança para ficar frente a frente com o moço. Numa primeira instância houve a recusa, mas, incentivado pelo casal de amigos, o rapaz se levantou e em pouco tempo os dois dançavam.
Nos rápidos minutos que estiverem juntos Tristesa encontrou a alegria sem peruca, nariz de palhaço, roupa pintada ou botas furadas. O rito do encantamento estava completo, porém, tão logo o êxtase veio, tão cedo foi. A música encerrou, a peça chegou aos momentos finais, todos levantaram e partiram.
Uma semana depois enquanto se preparava para mostrar sua palhaça, um jornal veio com o vento aos pés da atriz. Curiosa pegou para ler a edição do dia anterior, o moço havia falecido. Motivo fútil, briga de bar.
Foi novamente estar com Tristesa, para a felicidade geral da grande público, sempre passageiro.

Um amor companheiro quando mudar de endereço

Um amor companheiro
para ver sorrir
depois do beijo
dar um abraço
após a cama
e lembrar do cheiro
quando mudar o
endereço.

sábado, 10 de agosto de 2013

Faxina

Assumimos nossa sujeira
façamos algumas ligações
marcamos alguns encontros
trocamos palavras inteiras
chega de disse não disse
fez não fez
Tudo cozido
nada cru
E pronto
Já estamos na mudança
da faxina.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Apologia a sobrevida da Fênix

É na morte
e renascimento
cotidiano
que vem a mudança

Façamos, portanto,
uma apologia a Fênix

Esfolada por servir de exemplo
a nossa sobrevida.

andré badé.